sábado, 26 de maio de 2018

PARENTES E COMPANHEIROS - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Por mais nos queixemos de familiares ou amigos deficientes que nos causam prejuízo ou decepção, amargura ou desalento, somos forçados a perceber que possuímos neles os reflexos de nós próprios.

Quando afastados da experiência física, por força da desencarnação, encontramos, além do mundo, os resultados de nossos erros, permeando-nos os acertos.

Raramente qualquer de nós encerra o balanço de uma existência terrestre com todos os compromissos equacionados. Desse modo, somos recorporificados no berço humano para retomar o curso dos problemas que desencadeamos no caminho dos outros, a fim de resolvê-los.

Aceita os parentes-enigmas e os companheiros-testes, à feição dos credores com que a Justiça Divina te promove o aperfeiçoamento e a tranqüilidade.

A perda do corpo físico não exonera o espírito imortal das obrigações que haja contraído, tanto quanto o desgaste da veste não apaga a dívida de um homem, dívida que ele assume em plenitude de responsabilidade individual.

A esposa ou a filha desajustadas, via de regra, são as irmãs que, um dia, atiraste ao desrespeito de si próprias e o marido ou o filho que te retalham a alma, a rigor, são aqueles mesmos companheiros que lançaste ao malogro das esperanças mais caras.

A penúria de hoje é a conseqüência da cobiça de ontem.

A doença de agora vem do excesso de antes.

Renteando com qualquer pessoa que te faça sofrer, exerce paciência e compreensão, auxílio e bondade.

Nós mesmos somos induzidos pela própria consciência, sequiosa de felicidade e elevação, a extirpar os espinhos que semeamos no solo bendito do tempo e da vida.

Todo débito tem sistema de resgate e todo resgate solicita execução na forma prevista de pagamento.

Isso é justo.


Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: No Portal da Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier

sábado, 19 de maio de 2018

RESPOSTA DE COMPANHEIRO - IRMÃO X - CHICO XAVIER

Meu amigo, pede você um roteiro de nosso plano, que lhe sirva às incursões no campo mediúnico.

“A região é quase inexplorada, as surpresas imensas” – diz você desalentado.

Como os velhos portugueses do litoral do Brasil, que perdiam longo tempo, antes de enfrentar a selva do continente espiritual, sentindo-se você incapaz do serviço de penetração, na terra maravilhosa dos novos conhecimentos. Observa as possibilidades infinitas de realização à grandeza do serviço a fazer; entretanto, a incerteza impede-lhe a marcha inicial.

Sabe você que os sacrifícios não serão reduzidos. Os bandeirantes antigos, para semearem a civilização no oceano verde, sofreram, muita vez, privações e dificuldades, solidão e angustia indizíveis. Os pioneiros da espiritualidade, nos tempos modernos, para distribuírem a nova luz, na floresta dos sentimentos humanos, não devem nem podem aguardar excursões pacificas e felizes na esfera imediatista. Experimentarão igualmente os choques do meio, sentir-se-ão quase sós, padecerão a sede do espírito e a fome do coração.

Tochas acesas contra as sombras da ignorância e do convencionalismo inferior, sofrem o desgaste natural de suas possibilidades e energias.

Quem se abalance, pois, no ideal de servir, no campo da mediunidade, espere por lutas árduas de purificação.

A técnica da cooperação com a espiritualidade superior não é diferente daquela que norteia as atividades dos realizadores do progresso humano. É razoável que o individualismo ai prepondere, como coloração inalienável da ação pessoal no trabalho a desenvolver; todavia, esse individualismo deve ajustar-se aos imperativos do supremo bem, apagando-se, voluntariamente, com alegria, para que as claridade da vida mais alta se destaquem no quadro penumbroso da atividade terrestre.

Não é o fenômeno desconcertante e indiscutível a base fundamental da obra. È o espírito de boa-vontade, de sacrifício e renunciação. Ser o medianeiro de fatos transcendente, que constituam alicerce de grandes e abençoadas convicções, é admirável tarefa, sem duvida. No entanto, se as demonstrações obedecem a impulsos mecânicos, sem o condimento da compreensão elevada, no setor da responsabilidade, do serviço e do amor fraterno, toda a fenomenologia se reduz o fogo-fátuo. Impressiona e comove, durante a festa, para cair no absoluto esquecimento, nas horas seguintes.

Não basta iniciar a edificação para que o trabalho se realize. É indispensável saber prosseguir e saber terminar. Imprescindível compreender também nesse capitulo que todos os homens do mundo são médiuns, por serem intermediários do bem ou do mal.

As fontes do pensamento procedem de origens excessivamente complexas. E, nesse sentido, cada criatura humana, nos serviços comuns, reflete o núcleo de vida invisível a que se encontra ligada de mente e coração. Não nos cansaremos de repetir que as esferas dos encarnados e desencarnados se interpenetram em toda parte.

Não posso desviar-me, contudo, da linha essencial de sua consulta fraterna.

Você, em suma, deseja informa-se quanto ao processo mais eficiente de atender aos imperativos do bem, no intercambio com o plano invisível e, em face de seu desejo, nada tenho a aconselhar-lhe senão que intensifique sua capacidade receptiva, dilatando conhecimentos, elevando aspirações, purificando propósitos e quebrando a concha do personalismo inferior para poder refletir o infinito.

Mediunidade é sintonia. Cada mente recebe segundo a natureza e extensão da onda de sentimento que lhe é própria.

Subamos desse modo, a montanha do conhecimento e da bondade. Ajustemo-nos à esfera superior da vida, para merecermos a convivência dos Espíritos Superiores. A virtude primordial em semelhante tarefa não consiste, substancialmente, em ser médium, mas ser trabalhador fiel do bem, instrumento do Divino Amor, onde quer que você se encontre.

Na execução desse programa, encontrará continuo engrandecimento de poder espiritual.

Guarde a harmonia de seu vaso físico, faça mais luz em sua mente, intensifique o amor em seu coração e o trabalho será sempre mais lúcido mais sublime.

Quanto às arremetidas dos descrentes e ironistas do mundo, não se prenda ao julgamento que lhes é peculiar. São mais infelizes que perversos. Em todos os tempos, tanto riem como choram, inconscientemente. Não emito semelhante conceito, para envolver-me em fumaças de superioridade; é que também me demorei longo tempo entre eles, e conheço, de experiência própria, os sorrisos e lagrimas do picadeiro da ignorância.

Siga, portanto, seu caminho, estudando com o Mestre Divino e ouvindo a própria consciência.

Não serei eu, pobre amigo do plano espiritual, quem lhe vá traçar diretrizes.

No fundo, o que você deseja é o encontro divino com o Senhor, o ideal que me impulsiona agora o espírito de pecador.

Em vista disso, ouçamos juntos a advertência do Evangelho:

- “Negue cada qual a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Tem você suficiente disposição para satisfazer o sagrado apelo? Quanto a mim, esteja certo de que, não obstante a condição de alma do outro mundo é o que estou procurando fazer com toda a sinceridade do coração.


Pelo Espírito Irmão X, Do livro: Pontos e Contos, Médium: Francisco Cândido Xavier.

O ESPIRITISMO PERGUNTA - MILITÃO PACHECO - CHICO XAVIER

Meu irmão, não te permitas impressionar apenas com as alterações que convulsionam hoje todas as frentes de trabalho e descobrimentos na Terra.

Olha para dentro de ti mesmo e mentaliza o futuro .

O teu corpo físico define a atualidade do teu corpo espiritual.

Já viveste, quanto nós mesmos, vidas incontáveis e trazes, no bojo do espírito, as conquistas alcançadas em longo percurso de experiências na ronda de milênios.

Tua mente já possui, nas criptas da memória, recursos enciclopédicos da cultura de todos os grandes centros do Planeta.

Teu perispírito já se revestiu com porções da matéria de todos os continentes.

Tuas irradiações, através das roupas que te serviram, já marcaram todos os salões da a ristocracia e todos os círculos de penúria do plano terrestre.

Tua figura já integrou os quadros do poder e da subalternidade em todas as nações.

Tuas energias genésicas e afetivas já plasmaram corpos na configuração morfológica de todas as raças.

Teus sentidos já foram arrebatados ao torvelinho de todas as diversões.

Tua voz já expressou o bem e o mal em todos os idiomas.

Teu coração já pulsou ao ritmo de todas as paixões.

Teus olhos já se deslumbraram diante de todos os espetáculos conhecidos, das trevas do horrível às magnificências do belo.

Teus ouvidos já registraram todos os tipos de sons e linguagens existentes no mundo.

Teus pulmões já respiraram o ar de todos os climas.

Teu paladar já se banqueteou abusivamente nos acepipes de todos os povos.

Tuas mãos já retiveram e dissiparam fortunas, constituídas por todos os padrões da moeda humana.

Tua pele, em cores diversas, já foi beijada pelo Sol de todas as latitudes.

Tua emoção já passou por todos os transes possíveis de renascimentos e mortes.

Eis por que o Espiritismo te pergunta:

– Não julgas que já é tempo de renovar? Sem renovação, que vale a vida humana?

Se fosse para continuares repetindo aquilo que já foste e o que fizeste, não terias necessidade de novo corpo e de nova existência – prosseguirias de alma jungida à matéria gasta da encarnação precedente, enfeitando um jardim de cadáveres.

Vives novamente na carne para o burilamento de teu espírito.

A reencarnação é o caminho da Grande Luz.

Ama e trabalha. Trabalha e serve.

Perante o bem, quase sempre, temos sido somente constantes na inconstância e fiéis à infidelidade, esquecidos de que tudo se transforma, com exceção da necessidade de transformar.


Pelo Espírito Militão Pacheco- Do livro: O Espírito da Verdade, Médium: Francisco Cândido Xavier

OBSESSÃO E DÍVIDA - IRMÃO X - CHICO XAVIER

Quando surgiam casos de obsessão no grupo, recorria-se, imediatamente, a Sinfrônio Lacerda.

Era ele, sem dúvida, o companheiro ideal para a situação.

Dotado de altas qualidades magnéticas, sabia orientar como ninguém.

Tratava-se, efetivamente, dum amigo generoso e bem-intencionado.

Não regateava a colaboração fraterna aos doentes, nem se inclinava a preferências individuais.

Primava pela delicadeza e pela pontualidade onde fosse convidado a contribuir para o bem.

Por sua clarividência admirável, aliada a firme disposição de servir, atingia as melhores realizações.

Especializara-se, por isso, na assistência aos obsidiados, em que obtinha verdadeiros prodígios a lhe coroarem a dedicação.

Sinfrônio, contudo, não obstante a inteireza de caráter e a bondade ativa em determinados setores do serviço, não se conduzia nas mesmas normas, diante dos desencarnados sofredores ou ignorantes.

Dispensava aos médiuns enfermos ou perseguidos o maior carinho, concentrando, porém, sobre as entidades em desequilíbrio a máxima rispidez.

À maneira de grande número de doutrinadores, via nos obsidiados inocentes vítimas e, nos transviados invisíveis, os verdugos de sempre. Em razão disso, tratava os Espíritos infelizes, desapiedadamente.

Não raro, Jerônimo, um de seus mentores espirituais, se lhe fazia visível e recomendava:

– Meu amigo, não te afastes do entendimento necessário. Não vicies o olhar, no capítulo das obsessões. Nem sempre o perseguido está isento de culpas. Os que exibem a carne doente podem ser grandes devedores. Não desejo furtar-te ao espírito de caridade e serviço aos semelhantes, mas devo esclarecer-te que não nos cabe olvidar a obrigação de repartir os recursos do auxílio com as vítimas e os algozes, em porções iguais. Por vezes, Sinfrônio, o desencarnado desditoso é mais digno de amparo que o encarnado aparentemente sofredor.

As chagas abertas e as necessidades dolorosas permanecem nos dois planos. Não te dirijas, pois, às pobres entidades da sombra, com descabidas exigências. Sê enérgico, porque todo sistema de construir ou restaurar demanda robustez de atitudes; entretanto, não sejas cruel nas palavras. Atende aos perturbados da esfera invisível, com decisão e fortaleza de ânimo;
todavia, não excluas a fraternidade e a compreensão.

Lacerda, contudo, parecia pouco disposto a observar os pareceres.

Não sabia tratar os comunicantes perturbados senão em tom áspero, como quem ordena, sem cogitar dos direitos alheios.

Frequentemente, palestrava sereno e gentil, antes do contacto com os irmãos infelizes; no entanto, tão logo se via à frente dos transviados do Além, assumia diversa posição. Emitia conceituação pesada e agressiva, dentro de francas hostilidades. Desdobrava-se-lhe a experiência sem alterações, quando foi surpreendido por aflitiva ocorrência no próprio lar.

A sua filha Angelina, jovem de quinze anos, revelou perturbações psíquicas muito graves.

Assinalava-se-lhe a enfermidade por desmaios sucessivos e inquietantes. Em plena tranqüilidade doméstica, caía, de súbito, palidíssima, ofegante, perdendo a noção de si
mesma. O pai carinhoso, extremamente impressionado com a situação, iniciou o tratamento, através de passes curativos, sem resultados positivos na cura.

Alarmou-se a família, em virtude dos acessos freqüentes, e movimentaram-se providências diversas.

A esposa de Sinfrônio reclamou a consulta ao psiquiatra, e o companheiro, embora convicto da legitimidade do fenômeno de obsessão, por verificar a presença do perseguidor, com os próprios olhos, foi compelido a valer-se do especialista, que diagnosticou a epilepsia comum.

As injeções e os comprimidos, porém, não resolveram o problema.

A prostração da enferma era cada vez maior.

O genitor, não obstante conhecer centenas de casos daquela natureza, achava-se atônito. A obsessão da filha desconcertava-o. Mobilizara todos os recursos ao seu alcance, sem que se fizesse sentir qualquer resultado satisfatório. Via a entidade perturbadora que lhe minava a tranqüilidade doméstica, anotava as ocasiões em que se aproximava sutilmente da jovem, despendia esforços variados, mas não conseguia deslocar o estranho perseguidor.

As vezes, na intimidade, quando Angelina desfalecia, de súbito, o devotado pai debalde recorria à palavra forte. Acusava o infeliz, asperamente, admoestava-o com rigor.

A filha, contudo, parecia piorar com semelhante prática.

Atormentado pela ineficiência do seu método, Sinfrônio, esperançoso, organizou um programa de reuniões semanais, no próprio ambiente da família, buscando atender ao caso complexo.

As manifestações através da obsidiada começaram imprecisas; entretanto, a entidade perturbadora não conseguia articular palavra. Incorporava-se em Angelina, prostrava-a dolorosamente, mas tanto o comunicante quanto a médium pareciam enfermos espirituais em posição grave.

Sinfrônio, na maioria das vezes, internava-se pela extrema excitação.

– No dia em que eu puder falar a esse obsessor infame, na certeza de ser ouvido – comentava, irritadiço –, expulsá-lo-ei para sempre. Movimentarei todos os meus recursos
magnéticos para enxotá-lo como se fosse um cão.

Depois de dez meses, decorridos sobre as reuniões sistemáticas, certa noite articulou o infeliz as primeiras frases angustiosas.

Sinfrônio escutou-lhe as lamentações, num misto de sentimentos contraditórios, experimentando, acima de tudo, certa satisfação por atingir a presa na esfera verbal.

– Desventurado salteador das trevas – exclamou o doutrinador após ouvi-la –, é chegado o momento de tua rendição! Vai-te daqui! Ouve-me as determinações!... Não mais voltes a esta casa! nunca, nunca mais!...

– Não é possível – gemeu o infortunado –, Angelina e eu estamos ligados, desde muitos séculos... e não somente nós ambos sofremos nesta situação... Você também, Sinfrônio, foi meu perverso inimigo... Algemas de ódio me ligam ao seu lar, muito antes que as paredes de sua casa se levantassem...

Sinfrônio Lacerda, neurastênico, interceptou-lhe a confissão e, concentrando todo o seu potencial magnético, bradou, autoritário :

– Nem mais uma palavra! não desejamos ouvir-te! Retira-te, cruel perseguidor!... Ordeno! afasta-te, afasta-te!...

Como se a mísera entidade fora premida por uma pinça de vastas proporções, desgarrou, de chofre, caindo, porém, Angelina em terrível imobilidade.

Esforçou-se o pai por despertá-la, mas em vão.

Três, quatro, cinco horas escoaram aflitivas.

Agravado assim o problema, foi chamado o médico, que identificou o estado comatoso.

Depois de catorze horas de angústia, Sinfrônio Lacerda, chorando pela primeira vez, convidou alguns irmãos para uma prece de socorro urgente, desfazendo-se em lágrimas na rogativa,de auxílio aos benfeitores espirituais.

Finda a súplica, Jerônimo, o sábio mentor que o acompanhava de perto, falou, conselheirático:

– Meu amigo, todas as obsessões, quanto as moléstias de qualquer procedência, podem ser tratadas, mas nem todas podem ser curadas, segundo os propósitos do homem. No caso de Angelina, temo-la profundamente unida ao obsessor, desde alguns séculos, quase na mesma proporção de tempo em que os dois se encontram intimamente associados ao teu próprio espírito. No passado, perturbaste-lhes o lar e, agora, consoante a Lei Divina, procuram-te ansiosos de equilíbrio no caminho reto.

Com o teu poder magnético, isolaste o perseguidor, violentamente, mas não podes sustentar semelhante medida, sem grave dano para ti mesmo. Não se arranca o carvalho de trezentos anos sem algum trabalho, como não se pode desfazer uma construção milenária, de um minuto para outro, sem ofensa à harmonia geral. Se não buscares a mesma entidade para junto da filha, utilizando o mesmo influxo magnético, por intermédio do qual a afastaste, Angelina desencarnará, em breves horas, para reunir-se ao companheiro.

– Sim, agora compreendo – soluçou o pai aflito.

E, acabrunhado, indagou :

– Jerônimo, meu benfeitor, como proceder então? Ensina-me o caminho da ação por amor de Deus!

O venerável amigo, com serena inflexão de voz, respondeu, comovidamente :

– Esqueceste, Sinfrônio, que há doutrinações pela palavra e doutrinações através do exemplo.

Traze o obsessor e recebe-o no teu santuário doméstico, afetuosamente, qual se o fizesse a um filho.

Cura-lhe as mágoas, orienta-o para o Senhor.

Ama-o, quanto puderes, porque só o amor pode curar o ódio.

E, reparando que Lacerda chorava resignado, copiando a atitude do aprendiz inquieto, quando em dificuldade na lição, Jerônimo concluiu :

– Não te sintas humilhado, meu filho! Tens agora muitos conhecimentos e possibilidades, mas tens igualmente muitas dívidas. E quem deve, Sinfrônio, precisa desembaraçar-se ao débito, a fim de seguir, em paz, na gloriosa e divina jornada para Deus.


Pelo Espírito Irmão X - Do livro: Pontos e Contos, Médium: Francisco Cândido Xavier.

SOMA E BÊNÇÃOS - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Não raro, queixas-te dos contratempos que te cercam; entretanto, não te animarias a isso, caso te dispusesses a relacionar as vantagens que te rodeiam.

Alguns dias de moléstia grave terão surgido, compelindo-te a cuidados especiais; todavia, se somas os dias de saúde relativa que desfrutaste até agora, observarás para logo quão pequena é a faixa dos constrangimentos físicos que te visitam, muitas vezes, à maneira de avisos preciosos, a te preservarem contra males maiores.

Não conseguiste ainda concretizar ideais determinados que te enfeitam as esperanças; mas se anotas os desejos que te pudeste realizar, entenderás sem delonga que a Divina Providência está pronta a te amparar na materialização dos teus sonhos de natureza superior, desde que te decidas ao estudo e ao trabalho nas oportunidades de serviço que se nos descerram a todos.

Sofreste reveses, quedas, prejuízos, desilusões...Antes e depois deles, porém, guardas contigo o tesouro das horas com o emprego criterioso do qual ser-nos-á possível a recuperação ou o refazimento em qualquer circunstância difícil.

Amigos abandonaram-te a área de ação; contudo, não disporás do mínimo ensejo para lastimar-lhes o transitório afastamento, se souberes valorizas os irmãos e cooperadores que Deus te envia ou mantém na co-participação de tuas tarefas e experiências.

Em quaisquer embaraços ou crises do caminho, somas as bênçãos que já possuis e reconhecerá que todo o motivo para desalento é nuvem pequenina a desfazer-se no céu imenso de tuas possibilidades.

Suceda o que suceder nas trilhas da vida, em matéria de amargura ou aflição, ergue a fronte e caminha adiante, trabalha e aprende, abençoa e serve, porquanto, diante de Deus e à frente dos companheiros que se nos conservam fiéis, apalavra desânimo é quase sempre o outro nome da ingratidão.


pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Paz e Renovação, Médium: Francisco Cândido Xavier.

DISCÍPULOS DO CRISTO - JACINTO FAGUNDES - CHICO XAVIER

Somos discípulos do Cristo.
Mas, repetindo com Ele a sublime afirmação: – “Pai nosso que estais no céu”, esperamos que Deus se transforme em nosso escravo particular, atento às nossas ilusões e caprichos.

Somos discípulos do Cristo.
Contudo, redizendo junto a Ele as inesquecíveis palavras de submissão ao Criador: – ”Seja feita a vossa vontade”, assemelhamo-nos a vulcões de imprecações, sempre que nos sintamos contrariados na execução de pequeninos desejos.

Somos discípulos do Cristo.
Entretanto, refazendo com Ele a súplica ao Pai de Infinito Amor:– ”o pão de cada dia dai-nos hoje”, reclamamos a carcaça do boi e a safra do trigo exclusivamente para a nossa casa, esquecendo-nos de que, ao redor de nossa mesa insaciável, milhares de companheiros desfalecem de fome.

Somos discípulos do Cristo.
Todavia, depois de implorar com o Sábio Orientador à Eterna Justiça: – “perdoai as nossas dívidas”, mentalizamos, de imediato, a melhor maneira de cultivar aversões e malquerenças, aperfeiçoando, assim, os métodos de odiar os mais fortes e oprimir os mais fracos.

Somos discípulos do Cristo.
No entanto, mal acabamos de pedir a Deus, em companhia do Grande Benfeitor: – “Não nos deixeis cair em tentação”, procuramos, por nós mesmos, aprisionar o sentimento nas esparrelas do vício.

Somos discípulos do Cristo.
Contudo, rogando ao Todo-Poderoso, junto do Inefável Companheiro: – “livrai-nos de todo mal”, construímos canhões e fabricamos bombas mortíferas para arrasar a vida dos semelhantes.

Somos discípulos do Cristo.
Mas convertemos o próximo em alimária de nossos interesses escusos, olvidando o dever da fraternidade, para desfrutarmos, no mundo, a parte do leão.

É por isso que somos, na atualidade da Terra, os cristãos incrédulos, que ensinam sem crer e pregam sem praticar, trazendo o cérebro luminoso e o coração amargo.

E é assim que, atormentados por dificuldades e crises de toda espécie – aflitiva colheita de velhos males –, cada qual de nós tem necessidade de prosternar-se perante o Mestre Divino, à maneira do escriba do Evangelho, guardando nalma o próprio sonho de felicidade, enfermiço ou semimorto, a exorar em contraditória rogativa:

– ”Senhor, eu creio! Ajuda a minha incredulidade!"


Pelo Espírito Jacinto Fagundes - Do livro: O Espírito de Verdade, Médium: Francisco Cândido Xavier.

A POESIA PERDIDA - MANUEL QUINTÃO - CHICO XAVIER

O consolador é a onipresença de Jesus na Terra.

Ao influxo da Benemerência Celeste, ele asserena os gestos impensados das criaturas que gemem esporeadas pelas provações; aplaca os gritos blasfemos que se elevam de muitas bocas com requintes insaciáveis de orgulho; recompõe os rostos incendiados pelo fogo de multifárias paixões e soergue os proscritos do remorso que se escondem nas dores devoradoras, desmemoriados na retificação que o destino lhes retraça.

O Consolador Prometido!...

Sursum corda!

Res, non verba!...

Seguindo-lhe os ditames, jamais desfeches o alvo em mira, pois os olhos voltívolos não podem fixar os painéis vislumbrados nos cimos.

Recorda que todas as cenas humanas têm seus bastidores espirituais.

Se vives em ânsia de paz interior, sustém o império sobre ti mesmo.

Espaneja em ti a carusma dos preconceitos que te dançam na mente, qual poeira de sombra, entenebrecendo-te a razão.

Recoloque os ideais com novas tintas de alegria, esperança e coragem, no combate aos erros bastas vezes milenares.

Estende um pensamento bom aos cépticos transviados no dédalo das indagações contraditórias, ferretoados no duelo interior da dúvida.

Foge à voz bramidora da censura para que os teus lábios festejem os ouvidos alheios com expressões de conselho e acentos de consolo.

Borda a palavra com doçura e repete mansamente a própria benção quando a tua voz se perca entre os clamores dos que passam a vociferar rebeldia e avançam espavoridos por veredas em chamas.

Socorre a mães desditosas, cujos filhinhos doentes vertem lágrimas a se transmutarem nos livores macilentos da morte.

Afaga, ao calor das frases de fraternidade revigoradora, as têmporas encanecidas e latejantes que te suplicam algum óbolo de carinho.

Desfaze o véu do pranto de agonia de quem chora às ocultas, no sarcófago das trevas de si mesmo.

Derrama preces confortativas entre os peregrinos da morte que não se resguardaram para a Grande Viagem e carreiam o coração em atropelos, de espanto a espanto, ante a perpetuidade da vida.

Em toda estrada vicejam alfombras de sorrisos e chovem lágrimas de aflição, mas o amor, com o Cristo-Jesus, recupera a poesia perdida ao longo do nosso caminho, pois só ele transforma o miasma em perfume, o incêndio em luz, o espinho em flor, o deserto em jardim e a queda em ascensão.


Pelo Espírito Manuel Quintão - Do livro: O Espírito de Verdade, Médium: Francisco Cândido Xavier.


ELES FIZERAM A DIFERENÇA - MOMENTO ESPÍRITA

A vida é um grande patrimônio. Os que nos encontramos na Terra, neste momento, nem sempre nos damos conta de como somos afortunados por viver.

Quando os problemas avolumam, quando o cansaço se estabelece, uma quase desistência da vida parece nos sussurrar aos ouvidos.

No entanto, todos os que nascemos somos pessoas afortunadas. Afortunadas porque alguém nos aceitou e nos permitiu vir ao mundo.

Todos temos o direito de nascer mas nem todos temos essa oportunidade.

Nem podemos imaginar quantas vidas, todos os dias, em todo o mundo, são impedidas de se concretizarem.

Então, quando aplaudimos um astro do futebol, da música, da dança, da tecnologia, alguém que fez ou faz a diferença no mundo, podemos imaginar o que seria o mundo se eles não tivessem nascido?

Podemos imaginar a nossa vida sem um Mac, um iPhone, um iPad?

Pois é. Se Joanne Schieble, aos vinte e dois anos, tivesse desistido de levar a gestação a termo, a tecnologia não seria como a conhecemos hoje.

Universitária, ela engravidou do namorado, também universitário. Seu pai, no entanto, não admitia que ela se casasse, por ele ser de descendência síria.

Joanne poderia ter abortado, naquela circunstância. No entanto, optou por ter a criança e dá-la em adoção.

Terá ela imaginado onde chegaria seu filho? Como venceria na vida?

Um filho que não somente foi o criador da Apple e do estúdio de animação Pixar, mas exemplificou tenacidade, perseverança, superando seus dramas pessoais.

Rejeitado em primeira adoção, por ser do sexo masculino, Steve Jobs foi adotado por um casal de origem humilde.

Sofreu com a pobreza. Frequentava, uma vez na semana, determinado culto religioso em troca de uma refeição.

Recolhia garrafas vazias de Coca-Cola para os depósitos para comprar comida. Não tinha quarto no dormitório na Universidade. Por isso, dormia no chão do quarto de amigos.

Adulto, enfrentou um câncer devastador, numa vitória dramática que lhe deu uma sobrevida ainda mais aplaudida pelos admiradores.

Em discurso aos formandos de Stanford em 2005, afirmou:

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem chegar ao paraíso não querem morrer para estar lá.

Apesar disso, a morte é o destino de todos nós. Ninguém nunca escapou. E deve ser assim, porque a morte é, provavelmente, a maior invenção da vida.

É o agente de transformação da vida. Ela elimina os antigos e abre caminho para os novos.

Ele partiu em 2011. Um homem que fez a diferença no mundo.

Um mundo que também estaria diferente sem a voz de Celine Dion, a cantora canadense.

Quando engravidou, sua mãe tinha treze filhos e cogitou de não ter essa décima quarta criança.

Contudo, um sacerdote, digno pastor de almas, a aconselhou a levar a termo a gravidez.

Graças a isso, o mundo se extasia com a voz da cantora que, inicialmente, interpretava canções somente em seu idioma pátrio, o francês.

Para alcançar as plateias internacionais, aprendeu inglês, conquistando a admiração do mundo.

Jobs e Celine Dion são testemunhas da vida. Eles puderam cantar, sentir, amar, triunfar porque alguém lhes permitiu vir à luz.

Quem pode imaginar o que virá a ser esse embrião, esse feto que apenas se esboça no ventre materno: um grande estadista? Um cantor? Um poeta? Um cientista?
Somente Deus o sabe...


Por Redação do Momento Espírita, com base e dados biográficos de Steve Jobs e Celine Dion. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5420&stat=0

MEDIUNIDADE E MISTIFICAÇÃO - ANDRÉ LUIZ - CHICO XAVIER


Compreendendo-se que na experiência humana enxameiam espíritos desencarnados de todos os escalões, seja lícito comparar os médiuns, tão-somente médiuns, aos instrumentos de comunicação usados pelos homens, no trato com os próprios homens.

Médiuns de transporte.
Vejamos o guindaste que opera por muitos estivadores.
Tanto pode manejá-lo um chefe culto, quanto o subordinado irresponsável.

Médiuns falantes.
Observemos o aparelho de gravação.
O microfone que transmitiu mensagem edificante assinala com a mesma precisão um recado indesejável.

Médiuns escreventes.
Analisemos o apetrecho de escrita.
O mesmo lápis que atendeu à feitura de um poema serve à fixação de anedota infeliz.

Médiuns sonâmbulos.
Estudemos a hipnose.
Na orientação de um paciente, tanto consegue estar um magnetizador digno que o sugestiona para a verdade, quanto outro, de formação moral diferente, que o induza à paródia.

A força mediúnica, como acontece à energia elétrica, é neutra em si.

A produção mediúnica resulta sempre das companhias espirituais a que o médium se afeiçoe.

Evidentemente, o médium é chamado a garantir-se na sinceridade com que se conduza e na abnegação com que se entregue ao trabalho dos Bons Espíritos que, em nome do Senhor, se encarregam do bem de todos.

Em tais condições, nada pode o médium temer, em matéria de embustes, porque todos aqueles que se consagram e se sacrificam pelo bem dos semelhantes, jamais mistificam, por se resguardarem na tranqüilidade da consciência, convictos de que não lhes compete outra atitude senão a de perseverar no bem, acolhendo quaisquer embaraços por lições, a fim de aprenderem a servir ao bem com mais segurança, já que o merecimento do bem cabe ao Senhor e não a nós.

Fácil reconhecer, assim, que não se carece tanto de ação da mediunidade no Espiritismo, mas em toda parte e com qualquer pessoa, todos temos necessidade urgente do Espiritismo na ação da mediunidade.


Pelo Espírito André Luiz - Do livro: Opinião Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

domingo, 6 de maio de 2018

SEMENTEIRA E COLHEITA - IRMÃO X - CHICO XAVIER


Certo homem, enredado no vício da embriaguez, era freqüentemente visitado por generoso amigo espiritual que lhe amparava a existência.

- Arrepende-te e recorre à Bondade Divina! – rogava o benfeitores quando o alcoólatra se desprendia parcialmente do campo físico, nas asas do sono. – Vale-te do tempo e não adies a própria renovação! Um corpo terrestre é ferramenta preciosa com que a alma deve servir na oficina do progresso. Não menosprezes as próprias forças!...

O infeliz acordava, impressionado. Rememorava as palavras ouvidas, tentava mentalizar a formosura do enviado sublime e, intimamente, formulava o propósito de regenerar-se.

Todavia, sobrevindo a noite, sucumbia de novo à tentação.

Embebedando-se, arrojava-se a longo período de inconsciência, tornando ao relaxamento e à preguiça.

Borracho, empenhava-se tão-somente em afogar as melhores oportunidades da vida em copinho sobre copinho.

Entretanto, logo surgia alguma faixa de consciência naquela cabeça conturbada, o mensageiro requisitava-o, solícito, recomendando:

- Atende! Não fujas à responsabilidade. A passagem pela Terra é valioso recurso para a ascensão de espírito... O tempo é um crédito de que daremos conta! Apela para a compaixão do senhor! Modifica-te! modifica-te!...

O mísero despertava na carne, lembrava a confortadora entrevista e dispunha-se ao reajustamento preciso: no entanto, depois de algumas horas, engodado pelos próprios desejos, caía novamente na zona escura.

Ébrio, demorava-se meses e meses na volúpia do auto-esquecimento.

Contudo, sempre aparecia um instante de lucidez em que o companheiro vigilante interferia.

Novo socorro do Céu, novas promessas de transformação e nova queda espetacular.

Anos e anos foram desfiados no milagroso novelo do tempo, quando o infortunado, de corpo gasto, se reconheceu enfermo e abatido.

A moléstia instalara-se, desapiedada, na fortaleza orgânica, inclinando-lhe os passo para o desfiladeiro da morte.

Incapaz de soerguer-se, o doente orou, modificado.

Queria viver no mundo e, para isso, faria tudo por recuperar-se.

Em breves segundos de afastamento do estragado veículo, encontrou o divino mensageiro e, ajoelhando-se, comunicou:

- Anjo abnegado, transformei-me! sou outro homem... Estou arrependido! Reconheço meus erros e tudo farei para redimir-me... Recorro à piedade de nosso Pai Todo-Compassivo, de vez que pretendo alcançar o futuro na feição do servidor desperto para as elevadas obrigações que a vida nos conferiu...

O protetor abraçou-o, comovidamente, e, enxugando-lhe as lágrimas, rejubilou-se, exclamando:

- Bem-aventurado sejas! Doravante, estarás liberto da perniciosa influência que até agora te obscureceu a visão. Abençoado porvir sorrirá ao teu destino. Rendamos graças a Deus!

O doente retomou o corpo, de coração aliviado, com a luz da esperança a clarear-lhe a alma.

Mas os padecimentos orgânicos recrudesciam.

A assistência médica, aliada aos melhores recursos de enfermagem, revelava insuficiência para subtrair-lhe o mal-estar.

Findos vários dias de angustiosa dor, entregou-se à prece com sentida compunção e, amparado pelo benfeitor invisível, achou-se fora da carne, em ligeiro momento de alívio.

- Anjo amigo – implorou -, acaso o Todo-Bondoso não se compadece de mim? estou renovado!... alterei meus rumos! porque tamanhas provas?

O guardião afagou-o, benevolente, e esclareceu:

- Acalma-te! o sincero reconhecimento de nossas faltas é força de limitação do mal em nós e fora de nós, qual medida que circunscreve o raio de um incêndio, para extinguí-lo pouco a pouco, mas não opera reviravoltas na Lei. O amor infinito de Deus nos descerra fulgurantes caminhos à própria elevação; todavia, a justiça d’Ele determina venhamos a receber, invariavelmente, segundo as nossas obras. Vale-te do perdão divino que, por resposta do Senhor às tuas rogativas, é agora em tua alma anseio de reajuste e com renovador, mas não olvides o dever de destruir os espinhos que ajuntaste. O arrependimento não cura as afecções do fígado, assim como o remorso edificante do homicida não remedeia a chaga aberta pelo golpe da lâmina insensata!... Aproveita a enfermidade que te purifica o sentimento e usa a tolerância do Céu como novo compromisso de trabalho em favor de ti mesmo!...

O doente desejou continuar ouvindo a palavra balsamizante do amigo celeste... A carne enfermiça, porém, exigiu-lhe a volta.

Contudo, recompondo-se mentalmente no corpo fatigado, embora gemesse sob a flagelação regeneradora, chorava e ria, feliz.


pelo Espírito Irmão X - Do livro: Estante da Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.

DOUTRINAR E TRANSFORMAR - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Meus amigos: Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer. Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir. Doutrinação q...