sexta-feira, 27 de julho de 2018

EXAME DE FÉ - IRMÃO X - CHICO XAVIER

Certo homem que passou a destacar-se dos outros, evidenciando largo entendimento de fraternidade e de fé, a par de grande compreensão, atribuía a Deus a propriedade de bens da vida.

Acabara de construir o lar, iniciando a formação da sua família, e associava-se, com toda a alma, a empreendimentos religiosos, tanto quanto lhe era possível.

Em semelhantes iniciativas, começou a ensinar a fidelidade ao Senhor Supremo, compondo discursos admiráveis em que comentava a excelência da confiança no Céu.

-“Deus – dizia ele, convicto -, Deus é o Criador de Todo o Universo e, por isso mesmo, é o Dono de Tudo e de tudo somos simples usufrutuários em Seu nome. Almas, constelações e mundos Lhe pertencem por toda a parte. Recebemos, por empréstimo santo de Sua Infinita Bondade, o berço em que nascemos, o lar que nos acolhe, as afeições do mundo, o conforto e a alegria...”

A palavra dele inflamava imenso fervor nos ouvintes, que passavam a refletir com segurança sobre a grandeza do Amor Divino. E tão grande se fez a sua influência que o Senhor, sensibilizado com tamanhas demonstrações de fé, enviou à Terra alguns mensageiros para lhe examinarem a verdadeira posição.

Os referidos instrutores começaram permitindo que a maledicência e a calúnia lhe amargassem a vida.

O herói da lealdade padeceu golpes terríveis que lhe enodoaram a dignidade, mas atribuiu todos os percalços do caminho a manifestações indiretas da Celeste Bondade e acabou exclamando, sinceramente:

-Meu nome pertence a Deus. Que Deus seja louvado!

Os emissários que o seguiam, observando-lhe a firmeza, deixaram que a perseguição gratuita lhe envolvesse o roteiro; no entanto, o ódio injustificável como que lhe acendrou a confiança. Entre nuvens de sofrimento, o devoto concluiu que o ideal da perfeição é fruto da Magnanimidade Divina e afirmou, convencido:

-O bem é obra do Senhor! Louvado seja o Senhor!

Os aludidos educadores concordaram em que fosse ele experimentado pela incompreensão e o pupilo da fé se viu envolvido de aflição e ridículo, sentindo-se dilacerado e sozinho no seio do próprio lar. Contudo, reconhecendo que todo apreço e toda estima devem ser erigidos essencialmente ao Criador, asseverou, conformado:

Toda a glória deve ser dada ao Pai que está nos Céus!... Louvado seja o Pai que está nos Céus!

Os examinadores em lide decidiram que a enfermidade lhe visitasse o corpo, e o amigo da prece foi relegado ao leito em extrema penúria física; todavia, em meio da própria angústia, reparou que seu corpo era um depósito do Todo-Compassivo e disse, imperturbável:

-Meu corpo é um empréstimo do Todo-Poderoso. Que o Todo-Poderoso seja louvado!...

Continuaram os enviados celestes no campo da experiência e o homem de fé resistiu valoroso, superando amargura e desolação, tristeza e necessidade...

Porque um dia recolhesse ele a presença da morte na pessoa de um dos filhos, acatando, submisso, a Vontade Celestial, os mensageiros da Esfera Superior endereçaram ao Pai
Sublime, através de canais competentes, conciso relatório sobre a lealdade inflexível do crente valoroso que se encontrava na Terra...

Logo após, receberam ordem expressa da Casa do Senhor para que lhe entregassem grande quantidade de ouro, como suprema prova de obediência.

O homem recebeu a dádiva generosa, sob a aparência de um negócio feliz, e entregou-se ao conforto da nova situação.

Parecia, anestesiado, quando orava, e ébrio de alegria em todos os movimentos.

Decorrido algum tempo, os instrutores espirituais trouxeram-lhe um companheiro em dificuldade, que lhe implorou, humilhado e triste:

-Meu amigo, tenho quatro filhos doentes e venho pedir-lhe em nome de Deus, por empréstimo, algum dinheiro para solucionar meus problemas. Espero resgatar minha dívida em dois ou três meses...

Ante o silêncio do interpelado, reiterou quase em pranto:

-Socorra-me por amor ao nosso Pai de Bondade!...

Mas, com indisfarçável espanto, os professores divinos ouviram-no dizer, impassível e entediado:

-Não posso, não posso!... Meu dinheiro é um patrimônio que custei muito a ganhar.


Pelo Espírito Irmão X - Do livro: Contos Desta e Doutra Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 26 de julho de 2018

A PRECE - EMMANUEL - CHICO XAVIER


A oração não será um processo de fuga do caminho escuro que nos cabe percorrer, mas constituirá uma abençoada luz em nosso coração, clareando-nos a marcha.

Não representará uma porta de escape ao sofrimento regenerativo de que ainda carecemos, mas expressará um bordão de arrimo, com o auxílio do qual superaremos a ventania da adversidade, no rumo da bonança.

Não será um privilégio que nos exonere da enfermidade retificadora, ambientada em nosso próprio templo orgânico pela nossa incúria e pela nossa irreflexão, no abuso dos bens do mundo, entretanto, comparecerá por remédio balsamizante e salutar, que nos renove as energias, em favor de nossa própria cura.

Não será uma prerrogativa indébita que nos isente da luta humana, imprescindível ao nosso aperfeiçoamento individual, todavia, brilhará em nossa experiência por sublime posto de reabastecimento espiritual, suscetível de garantir-nos a resistência e o valor na tarefa de renunciação e sacrifício em que nos cabe perseverar.

Não será uma outorga de recursos para que os nossos caprichos pessoas sejam atendidos, no jardim de nossas predileções afetivas, contudo, será uma dispensação de forças para que possamos tolerar galhardamente as situações mais difíceis, diante daqueles que nos desagradam, em sociedade ou em família, ajudando-nos, pouco a pouco, a edificar o santuário da verdadeira fraternidade, no próprio coração, em cujo altar amealharemos o tesouro da paz e do discernimento.

Ainda mesmo que te encontres no labirinto quase inextricável das provações inflexíveis, ainda mesmo que a tua jornada se alongue sob o granizo da discórdia e da incompreensão, em plena sombra cultiva a prece, com a mesma persistência em empregas na procura diária da água para a sede e do pão para a fome do corpo.

Na dor, ser-te-á divino consolo, na perturbação constituirá tua bússola.

Não olvides que a permanência na Terra é uma simples viagem educativa de nossa alma, no espaço e no tempo, e não te esqueças de que somente pela oração descobriremos, cada dia, o rumo que nos conduzirá de retorno aos braços amorosos de Deus.



Jean Baptiste H. de Lacordaire em “Pensées”: Le bonheur est la vocation de l’homme. A felicidade é a vocação do homem.


Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Escrínio de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 9 de julho de 2018

NO PLANO CARNAL - EMMANUEL - CHICO XAVIER


Isolado na concha milagrosa do corpo, o espírito está reduzido em suas percepções a limites que se fazem necessários.

A esfera sensorial funciona, para ele, à maneira de câmara abafadora.

Visão, audição, tato, padecem enormes restrições.

O cérebro físico é um gabinete escuro, proporcionando-lhe ensejo de recapitular e reaprender.

Conhecimentos adquiridos e hábitos profundamente arraigados nos séculos aí jazem na forma estática de intuições e tendências.

Forças inexploradas e infinitos recursos nele dormem, aguardando a alavanca da vontade para se externarem no rumo da superconsciência.

No templo miraculoso da carne, em que as células são tijolos vivos na construção da forma, nossa alma permanece provisoriamente encerrada, em temporário olvido, mas não absoluto, porque, se transporta consigo mais vasto patrimônio de experiência, é torturado por indefiníveis anseios de retorno à espiritualidade superior, demorando-se, enquanto no mundo opaco, em singulares e reiterados desajustes.

Dentro da grade dos sentidos fisiológicos, porém, o espírito recebe gloriosas oportunidades de trabalho no labor de auto-superação.

Sob as constrições naturais do plano físico, é obrigado a lapidar-se por dentro, a consolidar qualidades que o santificam e, sobretudo, a estender-se e a dilatar-se em
influência, pavimentando o caminho da própria elevação.

Aprisionado no castelo corpóreo, os sentidos são exíguas frestas de luz, possibilitando-lhe observações convenientemente dosadas, a fim de que valorize, no máximo, os seus recursos no espaço e no tempo.

Na existência carnal, encontra multiplicados meios de exercício e luta para a aquisição e fixação dos dons de que necessita para respirar em mais altos climas.

Pela necessidade, o verme se arrasta das profundezas para a luz.

Pela necessidade, a abelha se transporta a enormes distâncias, à procura de flores que lhe garantam o fabrico do mel.

Assim também, pela necessidade de sublimação, o espírito atravessa extensos túneis de sombra, na Terra, de modo a estender os poderes que lhe são peculiares.

Sofrendo limitações, improvisa novos meios para a subida aos cimos da luz, marcando a própria senda com sinais de uma compreensão mais nobre do quadro em que sonha e se agita.

Torturado pela sede de Infinito, cresce com a dor que o repreende e com o trabalho que o santifica.

As faculdades sensoriais são insignificantes résteas de claridade descerrando-lhe leves notícias do prodigioso reino da luz.

E quando sabe utilizar as sombras do palácio corporal que o aprisiona temporariamente, no desenvolvimento de suas faculdades divinas, meditando e agindo no bem, pouco a pouco tece as asas de amor e sabedoria com que, mais tarde, desferirá venturosamente os vôos sublimes e supremos, na direção da Eternidade.


pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier.

DOUTRINAR E TRANSFORMAR - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Meus amigos: Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer. Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir. Doutrinação q...