terça-feira, 17 de maio de 2011

CARIDADE EM AÇÃO: DISTRIBUIÇÃO DE SOPA AOS IRMÃOS DE MACEIÓ - POR GILDENÊS VILLAR


Gostaria de usar essa importante ferramenta que é a internet para tentar atingir a parte de mais difícil acesso do ser humano que é o coração; a internet é para mim o maior feito do ser humano nesse século, é capaz de nos levar a parte mais longínqua do planeta, assim como trazer para o nosso lado aquilo que jamais imaginamos alcançar, pessoas utilizam essa alternativa para fazer o bem a outrem, outros para prejudicar, destruir, informar, encontrar amores, destruir relações....... São infinitas as alternativas e possibilidades, mas eu só desejo que aqueles que leiam, acreditem no que aqui descrevo, ao menos pensem na possibilidade de ajudar aqueles que necessitam de muito ou de quase nada, pois para quem não tem absolutamente nada qualquer coisa é muito, é tudo.
Sou enfermeira, e até pouco tempo imaginava que ao longo de décadas de trabalho com uma população o que o governo atual classifica em suas Portarias, Políticas e Programas de Saúde como POPULAÇÃO SUS DEPENDENTE, já havia visto toda miséria que é possível existi, Infelizmente foi só mais um engano, pois existe algo abaixo da linha da miséria, existe o submundo, existe o desumano, existe o esgoto, a sarjeta, a calçada, os prédios abandonados, os monumentos históricos, muitos deste que seriam inúteis se não servisse de abrigo para seres humanos.
É impressionante o cenário que vimos todas as noites que entregamos sopa, especialmente na nossa cracolândia, são na grande maioria jovens, com aparência assustadora pela falta de higiene pessoal, o mau cheiro do local, há dias sem se alimentarem, uma vez que estão como eles falam fora do ar, relatam não sentir nada, apenas estão legal, estão de boa, quase todos portam pequenas facas afiadas para dividirem uma minúscula pedra de craque, dura de quebrar e quando se espalha pelo chão algum fragmento, eles mas parece ratos procurando migalhas no lixo, é quase indescritível as cenas, mas certamente chocantes.
Sinto náusea, quando sou de certa forma obrigada a aplaudir profissionais que apresentam trabalhos “fantásticos” dizendo que estão assistindo aos moradores de rua, quando vejo a imprensa divulgar autoridades indo às ruas fazendo firula para dar satisfação à sociedade, outros sendo de certa forma premiados por apresentar estatísticas falsas de ações jamais realizadas, ter que assistir a tudo isso é quase insuportável.
Penso que agora vocês vão entender a razão de tanta revolta, de me sentir tão triste com tudo isso, certo dia, através de uma colega de trabalho por quem tenho muito admiração é respeito, conheci um grupo de pessoas que tem como religião ou estilo de vida o espiritismo, espero não ofender, mas não sou espírita, ainda, digo ainda porque desejo ler mais, aprender mais, praticar mais essa religião ou estilo de vida, mas ainda tenho tantas dúvidas, tantos questionamentos que não consigo entender, às vezes me parece muito simplória as explicações do que vivemos e porque morremos, a vida enquanto vivemos e a vida quando morremos, vida pós morte, existe¿, não existe¿ ou não morremos¿, desencarnamos¿, me Deus! Quantas dúvidas! Mas tenho uma certeza, precisamos urgentemente parar de olhar para nós mesmos, ser menos egoísta, ver a linha do horizonte e não simplesmente a linha do umbigo e não estou propondo ninguém a dar tudo que tem e ser mais um a morar nas ruas, mas dar um pouquinho de cada um de nós, não precisa dar dinheiro, objetos, não somente isso, pois eles precisam muitas vezes de um pouco de sua profissão, de sua habilidade ou das duas coisas, acreditem eles precisam de tudo. Como falei antes eu pensava que já havia visto tudo, até ir como minha amiga dar sopa aos moradores de rua, eles levam água, (água gelada) sopa em copos descartáveis, pão e tudo que é arrecadado pelos membros da equipe como: Roupa, sapato, enxoval para recém nascido, lençóis e outros objetos que os moradores de rua pedem ao grupo.
Essa é a maior e mais importante experiência que tive na minha vida, onde toda segunda feira a noite, saímos depois das oito horas da noite, após as preces, orações e pedidos de ajuda e proteção divina, até porque durante o dia os moradores de rua estão espalhados pela cidade, especialmente centro, mercado público e a beira mar, onde muitos estão mendigando e cheirando cola, alguns fazendo pequenos furtos, ainda outros se prostituindo e se drogando, quando a noite cai eles têm os pontos de encontro para dormirem, é também uma forma de se protegerem e muitos continuam se drogando, se prostituindo, vivendo como verdadeiro zumbis, não existe limite de idade encontramos, velhos, adultos jovens, adolescentes, crianças, gestantes, recém nascidos, meu Deus! É muito estarrecedora a realidade que observamos, nesse trabalho conhecemos muitos pontos de drogas, traficantes, drogados, alcoólatras, cada um deles com sua historia de vida, assim como nós que temos tudo e rezingamos de tudo, tenho em minha mente cada depoimento especialmente das adolescentes, pois são estas das que mais me aproximo, sem que haja uma explicação para isso, é difícil lembrar-se desses testemunhos e não chorar. Não existe culpa ou culpados, existe uma humanidade perdida egoísta, famílias desestruturadas, outros tantos que jamais tiveram família, são filhos da rua e seu bem mais valoroso é um pedaço de papelão, de plástico, uma roupa velha e suja, é uma realidade realmente inimaginável.
E não é tudo, é ainda mais chocante ver pessoas andando pela noite, sem rumo outros recolhidos em pequenos grupos, a grande maioria deles enfermos, sarna, ferimentos infectados, fungos, micoses, gonorréia, virose, AIDS, piolho, quando comecei a acompanhar o grupo da sopa, era verão e ficava apavorada com tanta sujeira, tanta doença de pele e mau cheiro, desde o primeiro dia, ou seja, da primeira noite, eu pensava como poderíamos promover um mutirão da limpeza, encontrar um local para banhar essas pessoas, cortar as unhas, os cabelos, não fazer isso para aparecer na TV, teria que ser feito a noite, até porque durante o dia não encontramos essa pessoas e elas não nos reconhecem, pensei muito, compartilhei meus pensamentos com algumas pessoas, mas nunca deu certo, o tempo passou, a chuva chegou, e pelo menos para eles a situação só agravou, além de pessoas sujas e da doentes, encontramos indivíduos sujos, doentes e molhados, é impressionante a quantidade de pessoas com fungos e micoses nos pés e andando com dificuldade, bem como um numero assustador de adolescente gestantes, doentes e drogadas.
Na ultima segunda feira encontramos tudo isso somado a uma epidemia entre eles de conjuntivite e tudo que pude fazer foi lavar a região dos olhos com soro fisiológico e dar uma gaze estéril a cada uma, para substituir pedaços de panos imundos que eles esfregavam nos olhos, também não sei qual a associação da cola com os dentes, mas todos aqueles que são viciados em cheirar cola de sapateiro tem uma dentição terrivelmente prejudicada, têm uma aparência de dentes desgastados, serrilhados, terrível, isso é apenas uma observação, não sei a comprovação cientifica, além do que muitos referem dor de dente e pedem remédio para aliviar o sofrimento.
Eu entendo que é muito difícil acreditar na honestidade dos outros, pois ser desoneste é tão banal que o contrário virou motivo de premiação, nos últimos tempos assistimos pela TV que aqueles que deveriam auxiliar a população necessitada, roubaram doações feitas por pessoas que sensibilizadas com a miséria alheia lhes confiaram seus donativos. Bom, nem sei por onde começar, agora já não penso em fazer o mutirão da limpeza, eles já estão molhados o bastante para estarem ainda mais desprotegidos, famintos e doentes, por enquanto eu gostaria de conseguir enxoval para bebes e alguma roupa para gestante e sendo ainda mais ousada, conseguir que essas gestantes tivessem acesso a uma consulta médica e algum medicamento.
Diante desse relato, se alguém tiver alguma idéia , ações e ou doação que possam ajudar, por favor entrem em contato comigo através do endereço de e-mail gilvilar@hotmail.com.

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