—Meus irmãos - continuou o benfeitor, procurando sintetizar -, agradeço-vos, inicialmente, terem vindo atender ao nosso convite. Os seareiros disponíveis ainda são poucos; raros os que, mesmo depois da experiência física, prosseguem fiéis a Jesus. Muitos dos companheiros de ideal que desencarnam ainda não se encontram em condições de cogitar senão de si mesmos. O trabalho não cessa. Carecemos de colocar de lado as nossas próprias aspirações pessoais e perseverar no serviço que se desdobra. Os que verdadeiramente se acham dispostos a cooperar com a obra do evangelho não têm tempo para pensar em si. Deixemos para mais tarde as estrelas reluzentes que nos acenam do infinito. A terra, com a vida que se manifesta em suas concêntricas dimensões espirituais, por longo tempo ainda será o nosso campo de ação. O labor apenas começou. Olvidemos, por enquanto, a tranqüilidade das colônias que poderemos habitar no além; as regiões sombrias que circundam o planeta estão repletas de espíritos em desespero - muitos deles são criaturas extremamente amadas por nós; libertos do corpo físico, não lograram leveza em seu corpo espiritual para subir: o centro gravitacional do orbe, de acordo com os seus múltiplos dramas de consciência, os puxa para baixo. Adiante das regiões umbralinas, no interior da terra, encontraremos os que povoam o inferno de sua imaginação enfermiça. Não podemos permanecer na expectativa do socorro divino, que, para alcançá-los, não dispensa o concurso de nossas mãos. Eu vos convido a descer aos abismos do mundo espiritual, com a tarefa específica de resgatar corações equivocados. Torna-se-nos indispensável concluir a tarefa. Neste ponto de sua alocução, irmão José me fixara mais demoradamente. —Se não deveis - prosseguiu - cogitar de perfeição por agora, renunciando ao vôo para o qual ainda não possuis asas compatíveis, não tendes o direito de vos recriminar em excesso, anulando-vos em vossa atual capacidade de ser útil aos propósitos do senhor. Se vos é vedada à ascese aos paramos superiores, em vosso anseio de convivência com os anjos, nada vos impede de continuar crescendo nas regiões primitivas da vida. O Cristo, em sublimado anseio de expansão, que não saberíamos definir, desceu das alturas imensas e veio conviver conosco, os que ainda nos arrastamos no chão de nossa própria miserabilidade.
Retirado do livro "Do outro lado do espelho", de Inácio Ferreira, psicografado por Robson Pinheiro.
Blog de Eugenio Leite Costa Mélo. "Conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres" - JESUS
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