terça-feira, 10 de julho de 2012

LAMENTOS DE UM ABORTADO


Somos humanos.

Somos seres como vocês, só que ainda não conseguimos um corpo de carne para nossa manifestação na matéria.

Mergulhamos na matéria, todos nós que aqui estamos reunidos; nosso mergulho foi interrompido contra nossa vontade e desconsiderando toda uma programação que já foi realizada há muito tempo antes do mergulho acontecer.

Fomos desprezados como o lixo que se joga fora quando algo não tem mais serventia. Alguns de nós até nasceram e logo em seguida, foram jogados fora.

Vocês não podem imaginar a nossa dor, porque como se não bastassem os cortes na nossa carne, ainda tenra, ou em formação; o esmigalhar de nossos ossos na sucção criminosa; o calor exagerado do sal que queima nossa pele ou o veneno que interrompe nossa respiração sufocando-nos na barriga materna; ainda nos ferem as almas devedoras, os profundos sentimentos de ódio, nojo, desprezo, rejeição e tantas outras vibrações que partem de nossas mães, cruzam o espaço intrauterino e nos açoitam violentamente.

São marcas que levaremos por muito tempo gravadas na delicada tessitura espiritual de nossos corpos.

Sabemos que nada mais fazemos do que colher o que plantamos no passado, mas vocês ainda estão em pior situação e só começam a plantar as dores que um dia, como nós, colherão com auxílio das frias mãos que sem piedade interrompem vidas humanas.

Amadeus

Um abortado

GESJ – 19/06/2012 – Vitória, ES – Brasil

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