quinta-feira, 31 de julho de 2014

AS TRÊS MOEDAS - JOANNA DE ÂNGELIS - HEITOR LUIZ FILHO


CONTA-SE, nas esferas da espiritualidade, uma passagem, não
relatada pelos evangelistas, em que o Mestre, após realizar um
dos costumeiros milagres de cura, foi abordado por um publicano
que o desafiou a multiplicar três moedas de ouro.
Dizia-lhe o homem, com os olhos esgazeados pela ambição, mas
com o coração cheio de dúvidas:
— Rabino, dizem que multiplicaste os pães e os peixes para
mitigar a fome dos que te ouviam. Falam de inúmeras curas que
operaste e até de haveres ressuscitado a Lázaro, fazendo-o
levantar-se do túmulo. E, que, nas bodas, transformaste a água
em vinho.. .
— Sim. . . — retrucou o Mestre — dizem de mim essas coisas
porque as vêem pelos olhos do corpo; mas não relatam o que,
pelos olhos do espírito, deveria ser visto em conseqüência
desses milagres, eis que não colimam eles grandezas, nem
prodígios materiais, mas mostrar ao homem incrédulo que se
pode, também, operar a transformação da alma para que nela
entre o Reino dos Céus.
Impaciente, atalhou o publicano mostrando ao Mestre três
moedas de ouro que luziam na palma da mão:
— Pois se és tão poderoso assim que, apenas pela tua vontade,
podes multiplicar as coisas e alterar-lhes a substância, desafio-te
a que, também, multipliques essas três moedas, de tal sorte que
centenas de alimárias não poderão carregá-las!
E, retirando-se do meio do povo que o ouvia espantado a dizer
aquelas coisas, acrescentou:
— Não farei o milagre que me pedes, para que não se perca, nas
trevas e no ranger de dentes, uma ovelha do Rebanho do
Senhor. Fica com as tuas moedas, homem ambicioso e ímpio; e,
logo que puderes, se não te forem de grande valia, dá-las às três
mulheres que irás encontrar em teu caminho quando retornares à
casa, porque, então, serás, mais tarde, creditado em teus
haveres quando houveres de deixar esse mundo.
Aquele que dá aos pobres empresta a Deus!
E saiu, silencioso, circunvagando o olhar triste pelos arredores.
Pressentia o Mestre que estava chegando a hora de retornar à
Casa do Pai e, todavia, os homens ainda não o haviam
entendido. Por isso muita lágrima e muita dor haveriam de abrir
chagas no corpo e no espírito da humanidade.
* * *
Esse relato não consta dos Evangelhos, mas é dito, à boca
pequena, aqui no meu plano, quando irmãos contadores de
histórias, se ajuntam à sombra das árvores e ao pé das fontes
cristalinas para gozarem da paz sublime dos que, transformados
em seu íntimo, aguardam novas forças para prosseguirem na
jornada infinita da evolução.

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