sexta-feira, 1 de agosto de 2014

E EU COMPREI UM FUSCA 1966...




Tinha planejado tudo. Por muitos meses, fazia retiradas quase diárias do caixa de nossa farmácia, em pequenas quantias, com o intuito de depositar em caderneta de poupança da APEAL, na rua do Comércio.
Quantos meses eu depositei, não sei, não consigo me lembrar.
Recordo-me que cada depósito ficava registrado em papel que guardávamos em uma caderneta plástica. E minha caderneta estava ficando cheia!
O objetivo que perseguia era comprar um carro!
Não aceitava o fato de não termos um carro em nossa família, uma vez que nossos tios já tinham adquirido os seus. Me machucava termos que pegar táxi para nossa locomoção, em especial pela deficiência visual que papai tinha... E mamãe o acompanhando, se sujeitando aos maus humores dos motoristas ignorantes...
E fui pesquisar preços de Fuscas.
Me parece que consegui juntar seis mil cruzeiros. Isto aconteceu em 1974, quando eu tinha 15 anos.
Como compraria um carro se eu não sabia dirigir, e era de menor, e ninguém dirigia em casa?
Mas eu estava determinado! Iria comprar um veículo para dirigi-lo!
Em uma tarde, ao sair de nossa Farmácia, me dirigi à rua Gabino Besouro, próxima à rua Pedro Monteiro, e entrei na Moura Automóveis, e me pus a procurar um fusquinha bonitinho para comprar...
Encontrei um fusca ano 1966, reluzente, de cor café-com-leite...
E fechei negócio!
Aí começaram os problemas!
Como retirar o carro da loja?
Eu não sabia dirigir!
Ninguém de minha família sabia desta minha compra. Fiz uma grande e complicada surpresa!
Pior. O fusquinha estava com a bateria arriada, e a primeira marcha não entrava...
Tive que dizer toda a verdade para minha mãe. Imediatamente ela falou com nosso tio Nildomar, que foi à loja e desfez o negócio.
Ora, eu sendo de menor, nem podia fazer qualquer compra de veículo!
Meu tio pegou o dinheiro que tinha comprado, devolvido pelo dono da loja, e investiu em um Fuscão 1500 verde escuro.
E eu peguei este carro, e trouxe do centro da cidade até nossa casa na rua José de Alencar. Não sei como eu consegui chegar em casa.
Ao chegar, sentimos um cheiro de queimado, e só percebi que tinha vindo com o freio de mão acionado. A jante tava quentíssima! Não sei como pegou fogo!
Tempos depois, trocamos o fuscão verde pelo Fuscão azul calcinha que tinha sido de tio Audísio, ano 1972, que ficou conosco por um bom tempo...
Hoje, passados 40 anos, me recordo desta loucura que fiz, mas só agindo assim, conseguimos comprar nosso primeiro carro! Nosso pai era muito seguro, medroso, e eu fiz o que ele não fez...

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