quarta-feira, 13 de junho de 2012

O PODER DA RESIGNAÇÃO


"O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas
conforme o modo por que encare a vida terrena." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 13)

Quanto desespero e amargura, tristeza e desistência, martírio e revolta, fantasia e aflição tem cultivado a esmagadora maioria dos homens reencarnados, por não saberem construir sentidos espirituais elevados às suas provações?

Qual conquista será maior para a alma na Terra do que a compreensão sagrada dos objetivos de todos os reveses e experiências?

Somente quem saiba dar significado santificado a cada lance de dor ou a cada benefício do caminho pode aquilatar a importância dessa vitória.

A forma de encarar a vida terrena, por isso mesmo, deveria ser tema de urgente aprofundamento dos trabalhadores espíritas. Com todo carinho e respeito, sugerimos aos nossos parceiros de ideal uma urgente revisão de conceitos, quando afirmam imperativamente que o espírita possui uma fé racional. Se assim o fosse, teríamos mais amplos voos de conscientização e comprometimento com a causa que abraçamos, e melhores reações perante os testemunhos e sofrimentos diante da vida no corpo.

Temos ainda uma fé embrionária e sufocada por conceitos ancestrais do religiosismo, com forte inclinação para o dogmatismo.

A fé racional se inicia quando passamos a encontrar no campo mental alguns subsídios gestados na arte de meditar sobre nós mesmos. Compreendendo melhor o que ocorre com a própria vida interior, capacitamo-nos em maior escala para avaliar os desígnios divinos nas ocorrências que nos cercam.

Outro traço marcante de que a fé racional começa a se desenvolver em nossos sentimentos se dá quando começamos a abdicar de colecionar certezas sobre a vida. Mais que nunca, na etapa evolutiva que assinala nosso progresso, somos convocados a revisar, reciclar, analisar por outro ângulo, repensar ideias, reavaliar métodos, renovar posturas perante pessoas e fatos. Certeza instituída é, quase sempre, acesso à zona de conforto.

O momento de vida da Terra, a cada dia mais, nos convida a aprender como conviver com as incertezas acerca de tudo à nossa volta. Uma parte do sentimento de segurança vai surgir dessa forma de conduzir nossas ações; e, então, as palavras controle, disciplina e planejamento serão usadas dentro da ótica de relatividade constante. Quando necessário, a fim de que haja dinamismo em nossos projetos de vida, seremos chamados a repensá-las.

Assim se expressou Allan Kardec sobre o assunto:

"A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 7.)

A aquisição dessa fé conduz o Espírito ao estado de resignação, que lhe permite a harmonia perante a dor e os testes existenciais.

Resignação é o conjunto de habilidade que nos possibilitam uma visão otimista da vida, por meio de escolhas conscientes e de uma conduta de auto-amor; distante da postura de vítimas e do sentimentalismo. Crenças sadias, capacidade de adiar gratificações pessoais e sentimento de gratidão são as principais habilidades que conduzem o homem a ser resignado.

O homem que se contenta ante os desafios e contrariedades, capacidade decorrente do hábito de se pensar sobre a vida, é alguém dotado de uma força propulsora e calmante. Essa condição lhe permite escolher com inteligência e equilíbrio a forma adequada de agir e reagir nas turbulências, imprevistos e provas. Essa força realizadora, independentemente das condições adversas, é o espírito de prontidão da alma que sabe que a todo instante, na vida corporal, estará sendo chamada a novos aprendizados que vão abalar suas certezas, convocando-a a rever muitas de suas convicções.

Os resignados, por isso, possuem mais saúde e resistência às dores da vida, são mais desprendidos e encontram sempre boas soluções para seus trâmites provacionais. Possuem metas, mas sabem lhes dar cursos maleáveis, conforme a necessidade. Sofrem, todavia procuram a utilidade sagrada do sofrimento e dão significado e sentido educativo e libertador aos mais dolorosos e sentido educativo e libertador aos mais dolorosos dramas. Dessa forma, podem experimentar o cansaço, a raiva, a perda, a ansiedade,
o medo, entretanto, jamais cruzam os braços e continuam firmes nas aferições, sempre em busca das soluções. Essa é a chamada resignação ativa, dinâmica, educativa, pródiga de resilência.

Bem diferente é aquele que entende resignação como tolerar sofrimento em silêncio, chamado "aguentador da vida". Ele aguenta a dor, resiste a ela, briga com ela, quando deveria se entender com ela. Em verdade, eles obedecem aos imperativos da dor, razão pela qual asseverou o Espírito Lázaro:

"A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IX, item 8.)"

Na obediência cumprimos o dever imposto pela consciência, no amor vamos muito além e transformamos o dever em degrau de ascensão nas profundezas do coração, livrando-os do amargor e da crueza das explicações.

Hoje, além das provas adicionais ou voluntárias, que poderiam ser evitadas, temos de considerar o tema "ônus voluntário de sofrimento nas provas necessárias", ou seja, o acréscimo dispensável de dor pela ausência da resignação. Em razão do apego a coisas e pessoas, negócios e pontos de vista, os testes humanos são ampliados pela forma rebelde de reagir.

Cada problema de nossa vida tem objetivos bem definidos pela Sábia Providência de Deus. Vivê-los sem entender esses fins é o mesmo que sofrer por sofrer. Eis a razão da oportuna advertência de Lacordaire, quando diz:

"Mas, ah! Poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 18.)"

Ser resignado não significa viver sem sofrer, negando o sofrimento. Essa atitude, quase sempre, é a recusa inconsciente dos sentimentos, uma defesa perante as agressões da dor. Mecanismos defensivos que aliviam a angústia de nosso sofrer. Contudo, os que verdadeiramente são resignados vão mais além e colocam-se imunes à mágoa e à revolta em razão do amplo poder de aceitação e compreensão decorrente da análise positiva que fazem sobre suas experiências, valores e imperfeições.

Aldous Huxley afirmou: "Experiência não é o que acontece a você. É o que você faz com o que acontece a você".

Sem dúvida, a resignação é o caminho para ser feliz, porque felicidade é uma questão de construção íntima da visão iluminada sobre o existir, e quem aprende a existir adquire a sabedoria de compreender e aceitar.

"Ser resignado não significa viver sem sofrer, negando o sofrimento. Sem dúvida, a resignação é o caminho para ser feliz, porque felicidade é uma questão de construção íntima da visão iluminada sobre o existir, e quem aprende a existir adquire a sabedoria de compreender e aceitar"
ps.: Texto extraído do livro:"Prazer de Viver", autor: Wanderley Oliveira/pelo Espírito Ermance Dufaux; Ed. Triom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário! Obrigado por sua participação!

DOUTRINAR E TRANSFORMAR - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Meus amigos: Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer. Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir. Doutrinação q...