Com a possível exceção de Hyeronimus Bosch, Arcimboldo é o mais singular dos pintores da Renascença. Os retratos que criou, formados por frutas, animais ou objetos, parecem antecipar a vanguarda que surgiria no século XX, como o surrealismo, por exemplo.
Alguns dos “capricci”, ou fantasias e monstros de Arcimboldo, são engraçados, cheios de vida; outros podem ser francamente assustadores.
Houve críticos de arte que chegaram a aventar a hipótese dele ter sofrido alguma doença que transformasse aquele pintor tão elegante e convencional dos tempos das catedrais do norte da Itália, nesse artista desvairado que criou obras tão diferentes e extravagantes nas cortes da Europa Central. Veremos o quão longe estavam da verdade.
Tudo na história de Arcimboldo é original e curioso, inclusive a trajetória de seu nome. Pintor amado em vida e muito requisitado, após sua morte caiu rapidamente no esquecimento para vir ressurgir com força no início do século XX e inspirar os surrealistas com suas telas antropomórficas.
Hoje, cem anos depois desse renascimento, as obras de Arcimboldo continuam a despertar sempre muita curiosidade, seja pelo domínio perfeito da técnica, seja pela imaginação delirante.
Ontem e anteontem mostramos dois dos quatro elementos pintados por Arcimboldo, o Ar e a Terra. Hoje mostramos a Água e amanhã mostraremos o Fogo.
Assim como ele compôs a face da Terra com bichos e plantas e o Ar com aves de todo tipo, a Água é formada por peixes e criaturas marinhas, sendo que apenas a lagosta e os corais têm cores bem vivas.
Óleo sobre prancha de madeira 67 × 52 cm
Acervo: Kunsthistorisches Museum, Gemäldegalerie, Viena
Publicado no Blog do Noblat.
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