domingo, 15 de janeiro de 2012

IGREJA ESPÍRITA?

Igreja espírita?! Valha-nos Deus...

Revista de Espiritismo nr. 36, Julho/Agosto/Setembro de 1997, PORTUGAL

De forma inesperada, numa altura em que as religiões gananciosamente acorrem aos benefícios despropositados de que a Igreja beneficia, a Associação Cultural Espírita, das Caldas da Rainha, fez-nos chegar às mãos uma mensagem do Canadá...

Uma tradução directa do texto em inglês passa a mensagem, datada de 97.05.21, assim: «Olá, nós somos a única igreja espírita reconhecida legalmente no Canadá (Alberta), e talvez a única do Norte da América! A nossa hierarquia religiosa (padres e bispos) é licenciada pelo Estado para celebrar casamentos e em 1976 o Estado reconheceu a nossa denominação religiosa. Estamos interessados em estabelecer contacto, ligações e troca de informações e aguarda-mos com expectativa a vossa comunicação. A nossa página da Internet é (...)

Por favor, respondam para Christopher+ (Bispo da Igreja Espírita Nacional de Alberta)»

É de ficar de boca aberta!... Assina esta mensagem alguém que se considera «bispo espírita»(!), um disparate doutrinário de todo o tamanho e feitio, porque, como se sabe, no espiritismo não é possível doutrinariamente a figura de sacerdote nem hierarquias sacerdotais!!!

Mas comecemos pelo princípio. Não é possível haver uma igreja espírita. Porquê?, perguntará o leitor que ainda não conhece a doutrina espírita. É simples: as igrejas são apenas confissões religiosas e o espiritismo não tem os elementos essenciais das confissões religiosas, mais, das religiões, como sabe perfeitamente quem o estuda.

O espiritismo não tolera doutrinariamente, ao contrário das religiões, rituais, liturgias, paramentos, baptizados, casamentos, funerais, sacerdotes, hierarquias sacerdotais, símbolos, hinos, objectos de culto (imagens e fotografias incluídas!), vestes especiais (bata branca, amarela ou azul às riscas incluída), pagamentos quaisquer que sejam, etc.

Ainda bem que aquela igreja (espírita não é de certeza, pois não conhece sequer o espiritismo ou doutrina espírita — quando muito será uma igreja mediunista ou espiritualista) diz ser a única...

Mais haveria a dizer, mas o melhor é recomendar a quem tenha dúvidas o estudo das obras de Allan Kardec, não numa perspectiva de rever o seu ego como se esses livros pudessem ser um espelho (que não são) para as suas próprias paixões, mas no intuito de chegar ao ponto de perceber a sua unidade filosófica e ética.

O espiritismo é uma proposta para o futuro da humanidade, já que as religiões e os seus profitentes não querem largar os atavismos milenares em que se aconchegam, e, note-se, tendo todo o direito de o fazer. Mas não distorçam o nome de uma doutrina clara e lúcida, baseada em factos, extremamente jovem, de onde no futuro a humanidade de certeza irá retirar ilações de grande profundidade para aprender a viver melhor.

Não é grave que longe e sós alguns espiritualistas tenham confundido os significados das palavras. Grave é, como está a querer acontecer em Portugal, de acordo com carta recebida em várias associações federadas (a referir uma «Igreja do Caminho»), a mesma tendência para a igrejice e a beatice, metendo à mistura e a completo despropósito a palavra espírita: a palavra certa para esses casos é mediunista. É hora de dar o testemunho porque o momento é grave se se deixa passar em claro situações destas.

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