quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PERFECCIONISMO: LIBERTE-SE!

Livre-se do perfeccionismo para ser feliz

Liane Alves

Sem perceber, podemos estar nos esforçando para cumprir modelos impostos que exigem perfeccionismo. O problema é que a perfeição é uma moeda escassa nesse mundo naturalmente imperfeito. Além disso, nos esquecemos que é impossível manter todas as áreas da vida sob controle. Um corpo em dia não vai garantir relacionamentos amorosos, um emprego ideal ou a casa na praia não são sinônimos automáticos de felicidade. Este é o mecanismo perverso dessa história: a perfeição, mesmo quando atingida, só nos chega aos pedaços.

Dentro do pacote

Segundo a psicoterapeuta Regina Favre, duas doenças contemporâneas testemunham nossas reações diante do desafio da perfeição: a síndrome do pânico e a depressão. "Se prenuncio que não vou conseguir atender ao padrão de exigências estabelecido, começo a entrar em ansiedade e, depois, em desespero: é o pânico que chega. E se, ao contrário, dou conta de cumprir o que é proposto pelo mercado, posso ser tomado pela depressão".

E por que desejamos a perfeição de maneira tão obsessiva? "Há o mito construído de que se não formos perfeitos, jovens e belos seremos excluídos. É esse o fantasma que nos ameaça: sermos jogados fora do mercado, seja profissional, seja sexual ou produtivo".

Esquecemos algo fundamental: que sofrer, arriscar-se sem garantias e provar sentimentos de perda ou falta fazem parte da riqueza de experiências que a vida nos proporciona. O resultado? Ao optar pelo controle que vem atrelado ao desejo de perfeição, ficamos cada vez mais hesitantes em experimentar verdadeiramente o sabor da vida, com suas imprevisibilidades, erros e acertos.

A boa notícia é que uma vigorosa contracorrente a esse tipo de pensamento já está presente há uns 30, 40 anos na sociedade. "Ela questiona esse estilo de vida rigidamente perfeito. Emergem novos tipos de valores que incorporam conceitos como o desapego e a noção de impermanência, por exemplo", explica Regina.

Essa nova atitude começa com o respeito ao próprio corpo. Ser responsável pela própria saúde, pelos alimentos que consumimos, pelos ritmos internos e necessidades pessoais é uma nova posição de vida, mais consciente e individualizada.

E começa a revolução

O psiquiatra José Ângelo Gaiarsa sempre criticou o que nos é imposto pela sociedade. Ele coloca em dúvida nossa capacidade de fazer julgamentos justos ao avaliar a perfeição. "Não temos condição de nos julgar, ou de nos condenar, com isenção. Tenho alergia a palavras como ideias, conceitos, que não dizem nada e só aumentam a nossa confusão. Já o corpo não mente jamais". Segundo Gaiarsa, a grande revolução começa ao sentirmos mais o nosso corpo. Isso significa respirar melhor, movimentar-se livremente e experimentar toda a gama de sensações que os sentidos podem nos oferecer.
Com esse conhecimento, abre-se o espaço para uma nova consciência, mais independente e autônoma. E Gaiarsa explica como e por quê. "Ao respirarmos mais profundamente, o raciocínio torna-se claro, as conexões cerebrais se ampliam", afirma. "Não temos ideia de como a simples respiração pode nos ajudar a nos libertarmos dessas emoções negativas, como a inveja e a competitividade, e do domínio que elas nos impõem", diz o pesquisador.

Quando vale a pena

Depois que limpamos bem esse terreno, podemos ver que o desejo de perfeição também tem a sua utilidade. Os grandes gênios da humanidade se alimentaram dele: Michelangelo, Da Vinci, Einstein. Nada garante que fossem mais felizes ou realizados, mas a verdade é que, em vez de procurarem unicamente sua felicidade individual, colocaram seus talentos a serviço de algo maior, às vezes em detrimento de sua saúde, sanidade ou realização afetiva. Almejar a perfeição, portanto, pode nos levar a grandes realizações e a um aperfeiçoamento constante. Mas por vezes o preço é alto.

"Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito", nos diz o evangelho. Em vez de apresentar um modelo rígido, as palavras de Cristo propõem um exercício de humanidade naquilo que temos de melhor: a capacidade de amar, perdoar e praticar a generosidade - inclusive consigo mesmo, no caso de erro e falta. Por isso, o desejo de perfeição não é, por si só, ruim. Não se encarado dessa maneira generosa. Nossa grande questão é, e sempre vai ser, onde vamos colocar esse desejo.

Retirado do site da revista Vida Simples.

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