terça-feira, 19 de abril de 2011

CASAMENTO E DESILUSÃO

Nunca escrevi nada sobre esta fase de minha vida. Em verdade, nunca meditei profundamente sobre os acontecimentos e as consequências de meu primeiro casamento. Talvez por medo de me defrontar com antigas vivências, com os quais ainda não tinha maturidade suficiente para experenciá-las.
Conheci-a na Drogaria Oswaldo Cruz, farmácia de nossa família. Era à tarde. Chegou fazendo um pedido de medicamento, e eu a atendi com presteza. Seus olhos emitiam uma energia diferente, e logo fiquei interessado por ela. Jovem de 16 anos, bonita,  sua inteligente conversa me conquistou. Conversamos mais de uma hora, e eu ficava no Caixa, e atendia as pessoas e logo voltava a conversar com ela. Me apresentei como Acadêmico de Medicina da UFAL, do primeiro ano. Corria o ano de 1977.
Ela era estudante do segundo grau. Morava na Rua Cônego Machado, em frente ao antigo Colégio Estadual Cônego Machado, onde estudei por quatro anos. Sua mãe, servidora da Secretaria Estadual de Educação. Seu pai tinha falecido de doença cardíaca. Tinha mais três irmãos.
No dia em que nos conhecemos, após meu irmão ter chegado para trabalhar, a levei até perto de casa. Subimos a ladeira dos Martírios, e nem senti cansaço. Estava magnetizado pelo nosso encontro.
Passamos a nos envolver mais intimamente. O namoro ficou muito sério.
Viajamos para a praia do Pontal do Peba, no carro do futuro marido da irmã de minha namorada. No toca-fitas do carro, tocava ABBA. Momentos de alegria e de prazer.
Mas a moça era de menor e órfã de pai. Naquela época, a lei era rigorosa.
Apareceu uma nota de motel , confirmando a nossa intimidade sexual, e a família exigiu, em nome da honra, o casamento imediato. Um tio da moça, advogado, figura ilustre da sociedade e da política, visitou minha família e exigiu o enlace matrimonial. Se não, seria preso...
Dia de casamento no antigo Fórum de Maceió, na rua Senador Mendonça. Fazia muito calor. Eu estava ansioso, nervoso, tenso e triste. Muita gente. Assinamos o livro de casamentos. Estávamos oficialmente casados. Não tivemos lua de mel...
O que iria fazer de minha vida, a partir de então? Só tiinha 18 a 19 anos de idade, primeiro a segundo ano de Medicina, liso, sem um conto de réis. Como puderam exigir um casamento sem a menor estrutura, sem o menor fundamento?
Passei a morar no quarto dela, em casa de sua mãe. Levei minhas poucas roupas e alguns livros.
Aguentei morar lá apenas por 15 dias.
Desarvorado, saí de casa da mãe da esposa. Terminei o casamento. Acabou a paixão. Ficou a desilusão.
Viajei para Barretos, estado de São Paulo, e passei cerca de um mês na casa do cunhado Djalma. Para esfriar a situação.
Voltei para casa de meus pais. Ela ainda foi lá, criando confusão, exigindo a minha volta. Fiquei irredutível. Não voltei.
Dois anos depois, encontrei a futura mãe de dois filhos meus. E um novo casamento.
Mas isto é assunto para um novo post.

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