domingo, 24 de abril de 2011

SEGUNDA CARTA DE SÃO CLEMENTE AOS CORÍNTIOS - EVANGELHOS APÓCRIFOS

Segunda Carta de Clemente aos Coríntios.

A GRANDEZA DOS BENEFÍCIOS DE CRISTO

I. Devemos ter boa consideração por Cristo

Irmãos: deveríamos pensar em Jesus Cristo como Deus e Juiz dos vivos e dos
mortos. Não deveríamos, ao contrário, pensar em coisas medíocres sobre a
salvação pois, quando pensamos em coisas medíocres, esperamos também
receber coisas medíocres. Os que escutam que estas coisas são medíocres
fazem mal; e nós também fazemos mal não sabendo de onde e por quem e para
onde somos chamados, e quantas coisas tem sofrido Jesus Cristo por nossa
causa.
Que recompensa, pois, Lhe daremos? Ou qual fruto de Seu dom poderá nos ser
dado? E quanta misericórdia Lhe devemos! Eis que Ele nos concedeu a luz;
nos chamou como um pai chama seus filhos; nos salvou quando estávamos
morrendo... Que louvor Lhe rendemos? Ou o que foi pago de recompensa pelas
coisas que temos recebido, já que éramos cegos em nosso entendimento;
rendíamos culto a paus e pedras, a ouro, prata e bronze, obras humanas; e
toda a nossa vida não era outra coisa que a própria morte?
Assim, pois, quando estávamos envolvidos nas trevas e oprimidos em nossa
visão por esse espesso nevoeiro, recobramos a vista e pusemos de lado, por
Sua vontade, a nuvem que nos encobria. Ele teve misericórdia de nós! Em
sua compaixão nos salvou, pois nos vira mergulhados no erro e na perdição,
quando não tínhamos esperança de salvação, exceto a que vinha d'Ele! Ele
nos chamou quando ainda não éramos; e do nosso não ser, quis Ele que
fôssemos.

II. A Igreja: anteriormente estéril, é agora fértil

"Regozija-te, ó estéril. Prorrompe em cânticos e gritos de júbilo aquela
que nunca pôde parir; porque superiores são os filhos da desamparada do
que os daquela que tem marido". Aqui Ele diz: "Regozija-te, ó esteril, a
que não dava à luz"; fala de nós, pois nossa Igreja era estéril antes de
que lhe fossem dados filhos. Então Ele diz: "Prorrompe em cânticos e
gritos de júbilo aquela que nunca pôde parir", significando que, assim
como a mulher que está de parto, não devemos nos cansar de oferecer as
nossas orações com simplicidade a Deus.
Depois, quando diz: "Porque superiores são os filhos da desamparada do que
os daquela que tem marido", diz isto porque o nosso povo parecia
desamparado e abandonado por Deus, mas agora, tendo crido, passamos a ser
mais do que aqueles que pareciam ter Deus. Também outro texto diz: "Não
vim para chamar os justos, mas os pecadores". Isto significa que é justo
salvar os que perecem, pois é verdadeiramente uma grande e maravilhosa
obra confirmar e corroborar não os que estão de pé, mas aqueles que caem.
Assim também Cristo quer salvar os que perecem; e salvou a muitos, vindo e
chamando-nos quando ja estávamos perecendo.

CONFESSAR A CRISTO E TEMER A DEUS

III. A obrigação de confessar a Cristo

Vemos, pois, que Ele nos dedicou uma grande misericórdia; primeiramente,
porque nós que aqui vivemos não sacrificamos aos deuses mortos, nem lhes
rendemos culto, mas por meio d'Ele, chegamos a conhecer o Pai da Verdade.
Que outra coisa é este conhecimento que Ele nos deu, senão o de não negar
Aquele por meio de quem O reconhecemos? Sim, Ele mesmo disse: "Aquele que
me confessar, Eu também o confessarei diante de meu Pai".
Esta é, portanto, a nossa recompensa, se verdadeiramente confessarmos
Aquele por meio de quem alcançamos a salvação. Porém, quando O
confessamos? Quando fazemos o que Ele disse e não desobedecemos aos seus
mandamentos, e não apenas O honramos com os nossos lábios, mas também com
todo o nosso coração e toda a nossa mente. Pois bem, Ele também diz em
Isaías: "Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de
Mim".

IV. A verdadeira confissão de Cristo

Portanto, não adianta chamá-Lo apenas de "Senhor", pois isso não nos
salvará; eis que Ele disse: "Nem todo que me chama 'Senhor, Senhor' será
salvo, mas aquele que opera a justiça". Assim pois, irmãs, devemos
confessá-Lo em nossas obras, amando-nos uns aos outros, não cometendo
adultério, não falando mal dos outros, não tendo ciúmes, mas sendo
moderados, misericordiosos e bondosos. Com estas obras, e não com outras,
podemos confessá-Lo. Não precisamos temer aos homens, mas a Deus. Por
isso, se fizerdes estas coisas, o Senhor dirá: "Ainda que estejais junto
de meu próprio seio, se não cumprirdes os meus mandamentos, Eu os
arremessarei para longe e direi: 'Apartai-vos de mim, operários da
iniqüidade, estejam onde estiverem'."

DESPREZO TOTAL AO MUNDO

V. Este mundo deve ser desprezado

Portanto, irmãos, renunciemos nossa estadia neste mundo e façamos a
vontade d'Aquele que nos chamou; não tenhamos medo de nos apartar deste
mundo, pois o Senhor disse: "Sereis como cordeiros no meio de lobos".
Porém, Pedro O contestou e disse: "O que ocorre, então, se os lobos
devorarem os cordeiros?" E Jesus respondeu a Pedro: "Os cordeiros não
precisam ter medo dos lobos depois de mortos. Vós também não deveis temer
os que vos matam e nada mais podem fazer. Temei antes Aquele que, depois
de tiverdes morrido, tem poder sobre a vossa alma e vosso corpo, para
atirá-los na geena de fogo".
Vós sabeis, irmãos, que a estadia desta carne neste mundo é depreciável e
dura pouco; porém, a promessa de Cristo é grande e maravilhosa, a saber: o
repouso do reino que vem e a vida eterna. O que podemos fazer, então, para
obtê-los, senão andar em santidade e justiça, e considerar que estas
coisas do mundo são estranhas para nós e não desejá-las? Pois quando
desejamos estas coisas, nos desviamos do reto caminho.

VI. O mundo presente e o mundo futuro são inimigos um do outro

Porém o Senhor disse: "Ninguém pode servir a dois senhores". Se desejamos
servir ao mesmo tempo a Deus e a Mamon, não teremos qualquer benefício,
pois "o que ganhará um homem se obtém para si o mundo e perde a sua
alma?". Pois bem: esta época e a futura são inimigas. Uma fala de
adultério, contaminação, avareza e mentira; a outra se afasta destas
coisas. Portanto, não podemos ser amigos das duas; temos que dizer adeus a
uma e ter amizade com a outra.
Consideremos que é melhor aborrecer as coisas que estão aqui, pois são
depreciáveis, perecíveis, pouco duráveis e amar as coisas de lá, que são
boas e imperecíveis; pois se fazemos a vontade de Cristo, teremos
descanso, mas se não a fizermos, nada nos livrará do castigo eterno, por
desobedecermos os seus mandamentos. E a Escritura diz também em Ezequiel:
"Ainda que Noé, Jó e Daniel se levantem, não livrarão seus filhos" do
cativeiro. Logo, se nem homens tão justos quanto estes podem, com seus
atos de justiça, livrar seus filhos, com que confiança nós entraremos no
reino de Deus se não mantivermos o nosso batismo puro e sem mancha? Ou - a
menos que existam em nós obras santas e justas - quem será nosso advogado?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário! Obrigado por sua participação!

DOUTRINAR E TRANSFORMAR - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Meus amigos: Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer. Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir. Doutrinação q...