domingo, 6 de janeiro de 2013

ESPERA...






Rua José de Alencar, 134, no bairro do Farol, em Maceió, Alagoas. Minha casa. Tinha por volta de 11 anos. Era início de noite. Eu esperava pela volta de meu pai, com os braços postados no portão azul, do muro baixo pintado de branco, em nosso jardim.
Rua ainda de barro, esperava por ele.
Espera mesclada com angústia, pois temia por algum acidente, uma vez que meu pai tinha sérias deficiências visuais.
Ela vinha do trabalho, na nossa farmácia, a Drogaria Oswaldo Cruz.
As vezes, não tomava café à noite, esperando por ele.
Angústia.
Rua escura,mal iluminada por lâmpadas fluorescentes brancas.
Quando ele chegava, de ônibus ou táxi, eu ficava tranquilo.
Ele nada falava. Entrava, ia tomar banho, para jantar.
Quando estou angustiado, essa imagem assoma ao meu campo mental.
Espera triste, dolorida, calada, sofrida...
Nada desejava de reconhecimento pelo cuidado, pela atenção.
Queria apenas sua presença, sua segurança.
Abafava dentro de mim a carência e a necessidade de afeto.
Silenciava, pois respeitava seu mutismo. Era sempre assim...
Mas sempre o amei... amava com a profundeza de meu coração...
São marcas de nossa alma que jamais nos deixarão.

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