sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MEU PAI: UM HOMEM ADIANTE DE SEU TEMPO

Dia de Sábado. 12:45h. Fim de expediente na Drogaria Oswaldo Cruz, situada na rua do Comércio, 466, em Maceió, Alagoas.
Meu pai Aldo ordena ao rapaz da limpeza que feche as pesadas portas de madeira pintadas de bege claro. Prestamente o rapaz pega um gancho de ferro no local habitual e passa a fechar as portas e os ferrolhos muito altos, colocando algumas barras de ferro em portas mais desgastadas.
Todos os vendedores são então conclamados a participarem da preleção oferecida por meu pai. A moça auxiliar do escritório também participa.
Os trabalhadores sentam-se no sofá antigo coberto de napa no pequeno ambulatório existente nos fundos da farmácia. Podemos ver uma velha estufa de cor marrom, onde se esterilizavam as seringas de vidro e as agulhas de metal que na época eram usadas pelos clientes que tomavam as injeções intramusculares e endovenosas. Um apoio de braço com pés enferrujados podia ser visto ao lado de uma velha cadeira de madeira pintada de branco, já esmaecido e manchado por "merthiolate" usados nos curativos de feridas que também fazíamos na Drogaria.
Acendia-se a luz fluorescente de 40 watts, ficava um pouco escuro o ambiente, mas ainda entrava luz pela porta lateral em que sua parte superior ficava entreaberta.
Meu pai sentava-se no birô antigo e pesado de madeira onde a auxiliar de escritório trabalhava, terminava de dar as ordens nos documentos e pagamentos realizados, e passava a pagar aos vendedores a féria semanal das gratificações devidas à venda dos medicaentos bonificados, onde cada vendedor fazia jus a 10% do valor de venda de cada medicamento.
Podíamos ver nas prateleiras altas de madeira vidros expostos regularmente de Elixir de Inhame, Elixir 914, Aguardente Alemã e sua característica embalagem de garrafa coberta por um papel especial, vidros da Emulsão de Scott, além de outros medicamentos menos vendidos.
Os vendedores já cansados, se sentavam no sofá antigo e em cadeiras, e nosso pai calmamente passava a discorrer sobre marketing de vendas.
Exatamente! Em fins da década de 70 e início da década de 80, nosso pai falava sobre métodos modernos de vendas, como cativar e conquistar o cliente. Nenhum patrão naquela época sonhava em ter tal atitude.
Algumas vezes nossa mãe participava da reunião de ensino, fazendo pequenos comentários.
Mas o líder era nosso pai. E todos os vendedores o respeitavam, por medo ou por admiração.
Pedro Paes, hoje gerente de loja de móveis no Comércio de Maceió, nos falou que tudo o que ele sabe sobre vendas foi nosso pai quem ensinou. Olhar no olho do cliente, dar sempre bom dia, boa tarde ou boa noite, perguntar sobre o nome do cliente, ser educado e respeitoso, e tratar a todos bem, sem ver a quem. Cuidar da apresentação pessoal, usando sempre batas brancas e limpas, mãos e unhas asseadas, nosso pai orientava sobre todos os detalhes importantes da relação cliente-empresa. São lições que Pedro nunca esqueceu!
Nosso pai foi um homem adiante de seu tempo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário! Obrigado por sua participação!

DOUTRINAR E TRANSFORMAR - EMMANUEL - CHICO XAVIER

Meus amigos: Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer. Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir. Doutrinação q...