terça-feira, 27 de julho de 2010

DIA DE DOMINGO

Domingo. Dia de reunião familiar. Na velha casa da rua Barão de Anadia, em volta da mesa quadrada pintada de verde, sentava-se papai para tomar cerveja gelada, sempre da marca Brahma, que era sua preferência, e como tira-gosto, patinha de siri que mamãe cozinhava.
Ele ia bem cedo para o mercado municipal, lá no bairro da Levada, carregando duas cestas de vime, e trazia as frutas, os legumes e verduras e as carnes para comermos durante a semana.
Eu adorava o siri de coral que ele trazia do mercado!
Um fato ficou marcado em minha memória: Meu pai me deu um bolo bem dado em minha mão, que doeu muito! Acho que estava brigando com meu irmão Abelardo, mas não lembro o motivo daquela reprimenda tão severa de meu pai. Fiquei muito magoado, e hoje recordando o fato, passo a sentir a mesma emoção...
Algumas vezes meu pai trazia alguns doces do mercado, e esperávamos ansiosos pelas guloseimas. Me parece que era nego-bom, doce de banana em pedaços coberto por açúcar. Que delícia!
Tomávamos um pouco de guaraná da antarctica, e depois da cerveja, meu pai se preparava para almoçar. No almoço, mamãe fazia ponche de laranja, que era uma multiplicação das poucas laranjas que papai comprava no mercado para passar toda a semana. Então mamãe colocava muita água, açúcar e umas duas laranjinhas para fazer o refresco, que chamávamos de ponche!
Bastante metódico, meu pai depois do almoço ele ia cochilar, e ai daquele que fizesse barulho para acordá-lo!
Ficávamos brincando de alguma coisa no quintal, para não acordar nosso pai.
Quando chegava a noite, depois do jantar, onde comíamos banana-frita que mamãe preparava, meu pai se sentava no corredor longo da casa, e ligava um rádio Pioneer, com gabinete de madeira clarinha, envernizada, e assistia a rádio globo e outras rádios em ondas curtas.
Aquele barulhinho do rádio sendo sintonizado, parece que eu estou ouvindo agora...
Calado, não conversava com nenhum dos filhos.
Saíamos, então, para brincarmos com o Marcel e o Marcos, nossos vizinhos de rua. Jogávamos futebol de botão, e o Marcos tinha um campo de madeira muito bem feito, que ele guardava por trás das estantes do seu pai, seu Nilton, e meu irmão Abelardo sempre ganhava alguma partida. Eu sempre perdia, não jogava bem...
Marcel bananola, como Abelardo apelidava ele, nos momentos que ele mordia a língua para fazer uma jogada no futebol de botão! Seu irmão, Marcos, mais sério, mais velho, era meio distante de mim. Minha amizade era maior com o Marcel pincel, como também Abelardo chamava ele, gracejando.
Gostava mais de brincar de carrinho, era meu brinquedo predileto!

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